A amora-silvestre

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A amora-silvestre é uma pequena maravilha, e uma surpresa renovada da natureza selvagem. Não é fruto que se cultive na horta, embora não raras vezes frutifique por perto, em zonas incultas. Nada custa, portanto, a cultivar; a amoreira-silvestre nasce e cresce com toda a espontaneidade, e nada custa também para colher. Por alturas de Agosto, a amora-silvestre enegrece esplendidamente na berma das estradas ou em terrenos abandonados. Faz, sobretudo, a alegria das crianças, que se divertem pintando a boca e as mãos com o fruto. A amoreira-silvestre, ou silva, ou mesmo silveira, não consegue livrar-se à fama de planta invasora. Basta que alguém descuide o seu cultivar e, em pouco tempo, o terreno agrícola é invadido por ela. Lembro-me de grandes lutas dantes travadas entre os agricultores, ou horticultores, e as silvas. É uma luta que persiste. Caso a silva se instale num terreno, é complicadíssimo erradicá-la, porque das suas raízes mais fundas sempre nascem novos caules, por mais que se destrua. Com Agosto chega a redenção das silvas. São uma pequena delícia. Comem-se simples, em doces, em bolos, em sumos... Segundo alguns estudos, entre os benefícios da amora-silvestre encontra-se um efeito de protecção dos neurónios assinalável. Não me espantará que venha a tornar-se um cultivar de eleição nos próximos tempos.
Estas amoras-silvestres que vos mostro não habitam a minha horta, nem cresceram nas proximidades. Aqui perto de onde vos escrevo, às portas de um armazém abandonado, pachorrentamente, as silvas constroem o seu império. E oferecem-nos amoras-silvestres. Impossível resistir.

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