Na minha horta, entre Agosto e Outubro, cresceram os mais tristes nabos que algum dia viram a luz a sul de Paris. Esta não é uma certeza absoluta, porém. Não cotejei com precisão microscópica todo e qualquer nabinho nado em terra mínimas, em hortas escondidas ou em campos distantes. Escrevi por aí algures um guião, mais competente do que o guião escrito por Paulo Portas para a reforma do Estado, e que, tal como este, é completamente inútil. Não vale a pena lê-lo; nada de bom acontecerá. Restam agora uns tristes e frios nabos.
O meu faval
Primeiro escrevi o título e só depois olhei para ele. Parece o título de uma composição da primária: "Gosto muito do meu faval. No meu faval tenho favas. Gosto muito de comer favas. São muito boas na sopa. A minha mãe diz que as favas fazem muito bem ao organismo. A minha mãe tem sempre razão. Eu não sei de que organismo ela fala, mas se ela diz é porque tem razão. As favas são verdes e gostam muito do sol e da água. Ainda não reguei as favas porque choveu. Agora ainda são muito pequenas, mas vão crescer grandes e fortes, porque a terra é de muito boa qualidade, como diz o meu pai. O meu pai também gosta de sopa de favas. Eu e a minha mãe também gostamos de favas."
Breve dissertação sobre a preferência dos caracóis, esses estupores, pelos meus nabos
O meu nabal transformou-se numa estância turística de caracóis. E não só estância turística. Tornou-se também a maternidade preferida das mamãs caracóis. E não só maternidade. O meu nabal transformou-se no restaurante preferido dos caracóis. Não sei o que diferencia estes nabos 60 dias dos outros, e sequer se serão todos assim, autênticos chamarizes para caracóis (quase os ouço gritar: "caracolinho, vem comer-me!"). Os factos. Nunca num espaço tão ridículo vi tantos caracóis. E de todos os tamanhos. Grandes, médios, pequenos, pequeninos, minúsculos: todos habitam o meu nabal.
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