Meloas à chuva

No ano passado tentei plantar meloas. Os caracóis ficaram tão entusiasmados com a ideia que as comeram todas. Ficou o lugar delas. Portanto, o resultado do meu árduo esforço foi um zero absoluto. Como sou rapaz persistente e que não desiste à primeira caracolada, plantei-as de novo este ano. Comeram uma delas. Menos mau. Plantei outra de seguida e ameacei-os fortemente. Coitada, lá cresceu e vai florindo aqui e acolá. Não sei como é o comportamento destas meninas, não o consigo comparar com nada. Mas é com algum espanto que olho para elas e digo: "Caramba, só isto?!" Quero eu dizer, esperava que as meloas fossem tontas no crescimento como são as abóboras, que começam a lavrar terra e só acabam em cima do telhado do vizinho. Nada disso. O crescimento das meloas é coisa tímida. Parece nada passar-se. Eu até lhes deixei espaço e tudo para crescerem à vontadinha. No que diz respeito a meloas, eu pecador me confesso, tinha as expectativas demasiado elevadas. Vai-se a ver e é mesmo assim. Nas primeiras semanas de terra, cheguei a ter pena delas. Pensava comigo: "Deu-lhes o abafo ou é mal de terra." Enfim, esperando e andando. Às tantas, num destes dias dá-lhes a fúria de crescer e galgam a horta toda, trepam tomateiros e só acabam no céu. Vão ver. Esta fotografia que aqui está foi tirada no passado sábado. Choveu como se o céu acabasse e caísse na terra. A meloa olhava-me muito friorenta, coitada, ela que é franzina, e chorava com o frio. Tentei acalmá-la, explicando que sabia mal mas fazia bem, que era assim uma espécie de xarope para crianças doentes. Não creio que ela tivesse compreendido a comparação - bem fraquinha, por sinal. Como veio o sol logo depois, estendeu as folhas e respirou de alívio. Pergunto: serão todas as meloas assim ou apenas as minhas?

meloa

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