Allium porrum


Do allium porrum diz-se ser francês, e pouco o dizem alho porro. Eu sou um deles. Para mim é alho francês, e fica por aí. Plantei uns quantos, pouco mais de uma dúzia, oferta expresso da Dona Heliete que os trouxe da Feira da Espinheira. Não lhe conheço, portanto, o pedigree. Envelheceram, como se faz ao vinho, em água, uns 3 dias, e apenas porque antes não os conseguimos plantar. Assistiram à morrinha que caiu mansinha no prédio da frente e a uma ou duas gaivotas que se instalaram pachorrentas na grua apontada ao céu. Por companhia, gozaram de umas folhinhas de hortelã e de dois loureiros. O Piripireiro, o tal que frutifica em malagueta, como diz a S., ou em piri-piri, como digo eu, observava-os muito atento num trono de vidro onde outrora se sentara uma grupo descabelado de azeitonas pretas descaroçadas. Antes de os lançar à terra, torci-lhes a ramada, de forma a cortar uma parte das folhas. Dizem que lhes faz bem, que os espevita, que os energiza. Ou então, estou eu a inventar. Mas foi o que fiz. Ainda o allium nada dará porque causa deste ritual inventado. Como prometido ontem, a foto aqui fica. Em primeiro plano, desalegres com o tempo, enfileiram as pencas, e em segundo plano, com um corte de cabelo novo, apresentam-se os pés de alho francês. Mais para trás, encobrem-se de vergonha pimenteiros e tomateiros - já deviam, afinal, ter crescido mais do que o que cresceram. Serve-lhes de desaumento da culpa um galhardo caracol que por ali circulava a alta velocidade, roendo folhas e caules e tudo o resto que verdejasse  nesga que fosse.


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