O Cantinho das Aromáticas

Para os que não sabem, e mesmo para os que sabem mas ainda não prestaram a devida atenção, o Cantinho das Aromáticas é um dos espaços mais bucólicos e aromáticos de Vila Nova de Gaia e arredores. Em episódios anteriores, ficámos a saber que a S. planeia construir o seu próprio cantinho de aromáticas. De facto, já passou à prática. Protegido dos ventos por cedros, um quadradinho de terra escura abriga hortelã da D. Heliete, uma malagueta, manjericão, pimentos padron, que não são aromáticas, mas mais ou menos, coentros, orégãos e cebolinho. Penso já ter dado pormenores, portanto não vos vou maçar com a descrição exaustiva de como a S., poderosamente e com a força laboral de 100 trabalhadores agrícolas, olhou intensamente para o esforço miserável que este vosso empreendeu no plantio das ditas. "Não tenho galochas...", lamuriava-se, enquanto uma chuvinha miudinha como poeira pintava o seu tom desalegre. Deixemo-nos, todavia, de desvios que mais não fazem do que atrasar o andamento da história para explicar o que se passou. Depois de estacionarmos o carro, com o cemitério de Canidelo, julgo eu, pela esquerda, subimos pelo passeio e entrámos. Umas quantas estufas preenchem o espaço e, mais abaixo, num extenso espaço desaguando num charco imenso, uns patos distraídos, assim como passarada menos digna de referência - por ignorância deste vosso que vos escreve -, fazem aquilo que apenas os patos sabem fazer. Como fomos com a Bárbara, não tivemos sossego algum. A Bárbara resolveu andar, desandar, correr, saltar - enfim, tudo aquilo a que uma criança tem direito quando visita o Cantinho das Aromáticas ou outro sítio qualquer. Na loja, a infusão do dia era de manjericão e de perpétua roxa (ou seria de manjericão roxo e perpétua...?); eu gostei, a S. não lhe achou grande sabor, mas no fim acabou por concordar que não estava mal de todo. Enquanto isso, a pequena Bárbara fazia tudo o que uma criança tem direito a fazer quando entra num loja: pede, arruma, desarruma, vê, corre, salta... Enfim, nada que uns colos forçados não resolvessem. Enquanto isso, decidíamo-nos pelas aromáticas que melhor assentariam no cantinho. A decisão, algo hesitante, foi a seguinte:

Aipo - os avós da S. consumem muito, portanto foi uma decisão simples;
Malagueta grande - não sei muito bem porquê, a S. desenvolveu a certa altura da sua vida um certo fascínio por malaguetas, apesar de, constantemente, me lembrar o quanto lhe revoltam o delicado aparelho digestivo;
Limonete - porque tem um aroma maravilhoso.

As plantinhas repousam agora, esperando por terra mais funda, envasadas no peitoril da janela da lavandaria. Percebi entretanto que a malagueta trouxe penduras na viagens, julgo serem pulgões ou lá como se dizem estas pragas. Espero que a coisa não se espalhe, já li algures que o limonete, de tão sensível, lacrimeja como uma donzela assustada.

Limonete

Malagueta Grande e Aipo



3 comentários:

  1. Olá
    Não se esqueçam de um lugar para o Tomilho.

    O Limonete pode ser podado e todos os anos dá novos rebentos. Quando se toca nas folhas exala um cheiriiiiinho.........

    Cumprs
    Augusto

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  2. Não há cantinho de aromáticas sem tomilho. Está lá, bem destacado e florido. O limonete também tem flores, mas é tão pequenino que não se aguentará de tão frágil.

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  3. Viva
    Olhe que o Limonete é bem resistente...todos os anos lá está ele a dar novos rebentos.


    Cumprs
    Augusto

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