O meu apartamento é pequeno e o espaço para o exterior bastante limitado, por isso não me permito fazer algumas coisas que gostaria de fazer para a horta. Uma dessas coisas é guardar sementes de um ano para o outro, sobretudo aquelas sementes que precisam de alguma forma de processamento. Como as sementes de pepino, por exemplo. Também não o poderia deixar a acontecer na horta, porque é uma daquelas atividades minúsculas que precisam de alguma supervisão e cuidado. Além de não ter espaço no meu apartamento, secar sementes de pepino para conservar implica mosquitos, fungos e cheiros pouco agradáveis; não creio que a S. o aprovasse.
Aliás, tenho mesmo a certeza que não aprovaria. A minha mãe, que tem uma casa na aldeia, tem mais do que espaço para secar e preparar as sementes que bem quiser. O processo de secagem desta sementes é bastante simples. Como muitas coisas no que ao trabalho agrícola diz respeito, o segredo é deixar que a Natureza desempenhe o seu papel. Assim, o pepino cujas sementes queremos reservar, deverá amadurecer na própria planta bastante além do que deveria amadurecer caso o recolhêssemos para uma salada. Quando tiver amarelecido, será tempo de um recolher. Reservamos um cantinho fresco, seco e sem exposição solar direta, abrimo-lo ao meio e deixamos o tempo fazer o seu trabalho. Começará por criar fungos e por fim secar completamente. Nessa altura, a sementes estará pronta para ser recolhida. Conservar as sementes de pepino não tem muito que se lhe diga. Embrulha-se em papel e guarda-se em local seco e escuro. Se tudo correr bem, para o ano semeia-se em viveiro e o ciclo renova-se. Nesta imagem, aparece o tal pepino branco de que falei uns tempos atrás. E é só isto. Mais simples é impossível. E claro, caso queiram experimentar com um pepino comprado no supermercado, o processo é o mesmo.
Fase final de preparação das sementes. Os pepinos deverão secar completamente. |
Tens razão, não aprovo. Mas os sogrinhos têm um pátio grande, tenho a certeza que não se importam de albergar dois ou três pepinos fungosos.
ResponderEliminarOlá
ResponderEliminarOlá
É preciso tanto fungo?
Não basta retirar as sementes e colocá-las ao sol as do seu armazenamento?
Cumprs
Augusto
Olá, Augusto.
ResponderEliminarEste é o processo que a minha mãe utiliza, transmitido sob a forma de sabedoria popular, sem que se conheça o seu valor científico - digo eu. Já li, todavia, mas sobre a secagem de sementes de tomates, que se deve deixar que sequem de forma semelhante, inclusivamente criando condições para que os fungos germinem, porque estes têm uma função protectora das sementes. Infelizmente, não tenho a certeza do que digo nem sei muito bem fundamentar este processo, mas deverá andar por aí algures. Enfim, mas lá que a coisa não é muito bonita, isso não é.
Abraço.
Olá
ResponderEliminarSabedoria popular, portanto...
Sendo assim...há que respeitar...ponto!
Abraço e boas colheitas
Augusto
Disse um senhor cujo nome esqueço, mas que é das bandas da filosofia ciência, que o objectivo último da ciência é transformar-se em senso comum, ou seja sabedoria popular. Neste sentido, a ciência, esse produto tardio e um pouco atabalhoado da história da humanidade, está sempre um passo atrás do senso-comum. Eu explico: tardio porque terá pouco mais do que 300 anos e atabalhoado porque ninguém, ou quase ninguém, percebe aquela linguagem esquisita e porque ainda ninguém conseguiu explicar cientificamente o que é a ciência ou definir um modelo inquestionável do que é fazer ciência. Enfim, seja como for, e para mim, o senso-comum tem muito mais piada e consigo com ele manter uma relação afectiva que com a ciência não consigo. Enfim, coisas. Abraço, Augusto.
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